quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sua majestade, o torcedor.

O torcedor merece um capítulo à parte em qualquer análise sobre o futebol. É um sujeito estranho, meio louco, meio engraçado, cada um com suas manias e suas maneiras estranhas de torcer. Uns gritam mais, outros menos, uns assistem ao jogo sentado, outros em pé, uns preferem o rádio ao pé do ouvido, outros gesticulam achando que orientam o time. Vai da personalidade de cada um, da explosão na alegria ao roer de unhas nos momentos mais críticos, onde há quem coce a cabeça e há também os que coçam outra coisa.

Ontem em Campina Grande foram 1325 dessas figuras, pelo que foi informado. Na maioria raposeiros, mas alguns guerreiros alvinegros também se fizeram presentes para representar nossa Patativa. Me encho de orgulho disso, em saber que onde quer que seja, a partida valendo algo ou não, haverá sempre quem represente nosso glorioso alvinegro nas arquibancadas. Utilizando as palavras do amigo Cláudio Sales, a torcida centralina é mesmo diferenciada. E em todos os sentidos.

Central e Campinense se confundem em uma grande rivalidade ao longo dos anos. Os duelos pelo Campeonato Brasileiro na década de 80 serviram para apimentar ainda mais a relação de rivalidade entre Caruaru e Campina Grande. Sinceramente, não me recordo de uma partida sequer entre Patativa e Raposa que tenha tido um clima, no literal significado do termo, amistoso.

Quase sempre as torcidas fazem jus às suas tradicionais terras de festas juninas e promovem um espetáculo pirotécnico. É rojão de um lado pro outro, ótimo treino para quem gosta de pular fogueira no São João.
Ontem as duas equipes se enfrentaram e as torcidas, claro, se estranharam. Cerca de 20 integrantes da Comando Alvinegro chegaram pulando nas cadeiras do estádio Amigão, estendendo faixas e cantando como de costume. A polícia caiu em cima e a confusão generalizou torcedor organizado e torcedor comum. Os ânimos se exaltaram dos dois lados e por alguns minutos a partida ficou em segundo plano.

Não vou criticar os companheiros da Comando, é fácil fazer julgamentos sem conhecer tudo que envolve uma partida entre Central e Campinense. Pelo clima tenso que existe entre as torcidas, confesso que me preocupei que a coisa acabasse sendo pior, como já presenciei em outras oportunidades.
Domingo vou ao Lacerdão para acompanhar a retribuição da visita amistosa. E vou na certeza de que as cenas vistas ontem em Campina Grande deverão se repetir aqui. O futebol é feito dessas coisas e o clássico entre Central e Campinense será eternamente assim.

Mas também houve bola rolando ontem no Amigão, é bom lembrar. O Campinense venceu por 2x1 em uma partida onde o resultado era o que menos importava e que o Central perdeu e convenceu. Convenceu que pode muito nesse Pernambucano. Com a equipe ainda incompleta e indefinida, já é possível afirmar que o ponto chave para ir bem na temporada 2013 será o ajuste da defesa. Enquanto meias e atacantes mostram muita qualidade com a bola nos pés, em duas panes da zaga centralina o Campinense usou a cabeça com Panda e Zé Paulo para marcar seus dois tentos. Entre uma bola reposeira na rede e outra, Fumaça chegou a empatar para a Patativa após grande passe de Tiago Araújo. Os três gols do jogo foram marcados ainda na primeira etapa. O segundo tempo foi de testes para os dois treinadores, com o Central tendo um grande volume de jogo em uma etapa em que as equipes mudaram suas estruturas táticas e o nível caiu tecnicamente. 

Ontem eu cantei a pedra de que o Fumaça ia fumaçar pra cima do Campinense e vou me gabar um pouco de ter acertado. Foi o melhor alvinegro em campo na avaliação de boa parte da imprensa que acompanhou o jogo. No fim das contas, o amistoso valeu mesmo para a torcida. É bom ver que o torcedor alvinegro não se abalou com a má temporada de 2012 e está morrendo de saudades da Patativa. Já está metendo o pé na estrada para acompanhar até amistosos, soltando o brado, defendendo as cores alvinegras. Não espero um grande público domingo, é bem verdade que a Patativa nunca foi forte nessa coisa de quantidade. Mas de qualidade a gente entende. Tá chegando a hora de voltar à nossa segunda casa e sofrer de todas as manias que atormentam o torcedor.

Avante Patativa!

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