Em um xôte cantado nas terras do sul, se diz que "Não tá morto quem peleia, vai na raça, só na manha; não tá morto quem peleia, é peleando que se ganha". Ontem a noite foi de peleja para alvinegro nenhum botar defeito. Os 613 guerreiros que venceram a chuva e a desconfiança e se fizeram presentes no Monumental da Avenida, viram um time que brigou até o último minuto contra suas próprias pernas e teve brio para vencer.
Desorganizado no início do jogo, o Central viu o Belo Jardim abrir o placar através de uma falha da defesa alvinegra. O gol dos visitantes jogou um balde de água fria na já escaldada torcida centralina e as críticas direcionadas ao técnico Leivinha se tornaram crescentes a cada instante de jogo que se passava. Sabe-se lá como desceria o time para os vestiários com a desvantagem no placar.
Antes que chegássemos ao final da sofrida primeira etapa, porém, um lampejo de oportunismo despertou o torcedor patativa quando Andrezinho cruzou para Johnathan Goiano, sempre ele, se antecipar ao zagueiro e levantar o ânimo alvinegro. O gol agitou equipe e torcida e os alvinegros foram para o intervalo na certeza de que a virada no placar era factível.
O gol não saiu por acaso. Ainda no primeiro tempo, o técnico Leivinha enxergou a deficiência no setor de meio-de-campo e mexeu na equipe. Porém, decidiu não ouvir os apelos da torcida, que pedia por Tallys. Luiz Fernando, fora de combate desde a 6ª rodada do segundo turno, na vitória diante do Serra Talhada, foi o escolhido do treinador para mudar a postura da equipe em campo. Entrou e resolveu.
É verdade que viria a ser substituído pelo próprio Tallys na segunda etapa. A falta de ritmo e o gramado pesado não contribuíram e o jogador sentiu. Porém, a entrada do meia deu qualidade ao toque de bola da equipe alvinegra. A afobação deu lugar a uma troca de passes mais cadenciada, paciente. A mudança na postura de equipe levou o torcedor a voltar a jogar junto do time e a vitória começou a ser desenhada.
Como em poucas vezes se viu neste campeonato, o Central passou a jogar como realmente deve, como um grande que espera sua presa na certeza de que a vitória é questão de tempo. O Central vencia ali o seu desânimo, seu desespero. Era a chave para vencer o jogo. O segundo tempo mostrou isso com um grande domínio das ações por parte da Patativa. E nos poucos momentos em que chegava, o Calango errava na pontaria.
Com um setor de meio mais robusto e controlando o jogo, o atacante Tavares, improvisado na lateral, pode jogar mais enfiado no ataque, com Cléber dando cobertura na direita. Foi justamente com os dois que se construiu a jogada do segundo gol. Mais tarde, Andrezinho seria o garçom responsável por fechar a conta do jogo, em um lance brilhante que contou com o corta luz de Johnathan, para a finalização caprichosa de Tallys.
O garoto Andrezinho veio para Caruaru e parece ter deixado os gols lá pras bandas do Pantanal, é verdade. Mas sua contribuição para o time é visível. Voluntarioso, o jogador foi autor de duas assistências ontem e correu do inicio ao fim da partida. É com esse espírito de equipe e de luta que o Central parece ter mudado da água para o vinho nesse octogonal. Venceu o maior adversário até aqui: as próprias deficiências.
O torcedor reaprendeu a jogar junto com o time e voltou a ter o sentimento de fazer parte do grupo. Os 613 pagantes de ontem estão abaixo dos números que a Patativa está acostumada a receber, mas no gogó jogaram junto e se fizeram mais presentes que os trajantes de duas ou três camisas que só costumam aparecer quando a fase é boa e o clima é propício.
É peleando que se ganha!
Confira os lances da partida na reportagem da TV Replay com Edvaldo Magalhães:
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